Sozinho. Sem rumo. Olho à minha volta e me sinto perdido. Vejo carros. Edifícios e lojas. Vejo pessoas. Pessoas sérias. O que será que estão sentindo? Estão tristes? Alegres? Não devem ter tempo pra sentir algo. Me pergunto se ao menos existe alguém nesta multidão tão solitário quanto eu. Me sinto vazio. Mesmo em um vasto lugar como este, ninguém se vê. Esqueço que todos sabem aonde ir. Menos eu. Não sou daqui. Talvez tenha passado para conhecer à cidade. Estrangeiro. Um estranho deslocado. Caminho longos passos pelas ruas sem saber onde estou. "Será que você pode me ajudar?!" Pressa. Tudo ao redor parece passar depressa. Eles correm com relógios em seus pulsos. Socorro. "Não pode mesmo me ajudar?" Me sinto preso. Aqui o céu é tão cinza. Acho que estou somente ocupando espaço. Sou invisível. Será mesmo que não existe amor nessas almas andantes? Ando cada vez mais rápido e não chego a lugar algum. Não quero entrar neste ritmo. Não vejo cor alguma senão o preto e branco. Secos. Onde está a chuva pra curar essa dor? Luzes refletem pessoas felizes. Mas não refletem o cansado olhar dessa gente. Ofuscam à amarga realidade. Vejo cartazes nos muros com frases carinhosas mas não vejo abraços, beijos ou sorrisos. Não os vejo juntos. Me sinto obsoleto. Desconhecido e inútil. O que tenho dentro não pode ser visto por fora. Quero fugir. Lágrimas expressam minha solidão. Faz frio aqui fora. "Posso entrar?" Não posso ser ouvido. Escuridão. A noite é lenta. Aqui ninguém dorme. Insônia programada. Alimentados por pura carência. Corações partidos. E continuo só. Sem voz. Pele gelada. Carne dura. Mente pesada e pés cansados. Estou entrando mais neste labirinto. Andando sem encontrar o que aqui mais quero achar: felicidade.
Henrique Lima
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