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CLÍMAX





   Olho a olho. Algo não parece certo. A cada movimento uma descoberta. Mas que relação seria essa? Observo minuciosamente cada ação enviada. Todos os gestos, expressões e sentimentos envolvidos ali. Mesmo que sutil. Ele caminha aos poucos em minha direção. Sentido partido do coração. Parece querer entender. Conhecer. Ou então saber o que rola do outro lado. O que o espera. Tento decifrar por que ainda cruzamos olhares se nem ao menos nos conhecemos. Haveria de existir algum motivo para o feito. O acaso não parecia entrar na brincadeira. Estávamos tendo alguma relação. E pouco a pouco, fui me envolvendo no jogo. Agora envolto em curiosidade. A cada passo, mais forte era a ligação. Cada vez mais próximos da razão. Pude enxergar ali alma e espírito. Dor. Alegria. Ou ambos em um mesmo instante. Movidos pelo tempo a cena parecia ganhar intensidade. Quanto mais perto, maiores eram os sentimentos. Até que enfim, nos aproximamos. No meio da história. Não perdemos a conexão que nos manteve juntos e ligados desde o começo. O olhar. Frente a frente. Um encontro. Tudo fazia agora sentido. Frágeis, nos encaramos por alguns minutos e vimos alma. Espírito. Dor. Alegria. Lágrimas correram sobre estes rostos melancólicos. Um curto e puro momento. Pude finalmente sentir um alívio. Uma necessidade que antes não tinha. De mudar. Não queria mais estar ali. No mesmo lugar. Preso na mesma direção. Queria estar do outro lado. Conhecer da descoberta à liberdade. Foi quando nos despedimos em busca deste novo propósito. Desviamos os olhares pela primeira vez. Ele seguiu um caminho e eu outro. 


Henrique Lima

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