Refrão da vida

Dezembro, 2016 Carta ao presente tempo. Sobre mim. Sobre muitos desfechos. Idade adulta. Ano novo e fim do ensino médio.   É...tá chegando a hora. Eu sabia que chegaria rápido mas não esperava que o tempo passasse assim tão depressa. Já começamos as despedidas e ainda não sei dizer como me sinto. Eu realmente não consigo considerar este fato. Estou indo embora para um caminho diferente depois de muitos dias e meses parado em um mesmo sentido. É até estranho aceitar que preciso ir. Mas não posso ignorar. Até já estou aceitando. Recebi alguns longos e confortantes abraços que me fizeram lembrar intensos momentos que vivi nesta curta história. Eles também serviram como um pequeno refúgio desta realidade. O pior de tudo é a incerteza. Acho que é o sentimento que mais está aflorado em mim agora. Não saber o que será daqui pra frente é sem dúvida angustiante. O que me conforta é saber que pude viver por completo esta vida que passou. E mesmo não estando pronto, respiro mais al...

    Tô ferrado.  Um pouco machucado.  Talvez magoado.                                                   Saindo atrasado. Guarda-roupa desarrumado.                               Quarto bagunçado.  Cabelo não cortado.                  Noites acordado. Não tenho estudado. Nem me dedicado. Cansaço acumulado.           Deixei de ser amado. Coração amarrotado. Já sabia que não te teria do meu lado. Agora eu tenho aceitado....

    Ontem quando nos beijamos, eu pude finalmente entender por que te amo tanto. São seus lábios finos e carnudos que me fazem ficar mudo. O gosto doce do seu beijo em minha boca, amorzinho, eu perco a vida toda. O seu abraço que me leva pro espaço. Suas mãos grandes em meu rosto aaaaah...você me deixa louco. Nunca senti algo tão forte. Com você eu andaria até a morte. Eu faria tudo. Correria até o seu mundo azul. E não hesitaria em te ter completamente nu. Puro. Como você realmente é. Pra beijar seu corpo todo e nunca mais ter que pedir socorro. Sem segredos. Só nós dois. No mais sincero amor que vem da alma.  E hoje esse amor se tornou algo mais bonito. É verdade, não nego, dói muito te ver indo...só que mesmo assim, eu não consigo por um fim. Acabo por pensar demais enquanto estou no banho. Isso quando não te vejo em um sonho. E entendo que não tem jeito, tá feito. Não sei o que é "a gente" mas não consigo te tirar da minha mente. E aquele beijo de ontem aa...

  Você pode me ouvir? Estou perdido no espaço. Estou enviando esta mensagem para ter a certeza de que estou apagado. Espero que algum satélite te faça recebê-la. Eu sei como vim parar aqui neste vasto e infinito lugar, só que não sei como voltar.  Me sinto um alienígena. Fora de órbita. Longe da Terra. Fecho os olhos constantemente para relembrar tudo que vivemos e para te manter em minha memória, mas quando torno a abri-los, eu ainda estou aqui. Algum planeta? Marte? Em outra galáxia? Vejo a luz da lua daqui e isso é tudo. O preto tinge o vazio do universo. Pensei em pedir que as estrelas nos unissem mais uma vez, mas nem mesmo elas ouviriam meu pedido de socorro. "Abortem a missão. Não suporto a solidão". Fui esquecido. Ninguém aí deve se lembrar mais de mim não é? Você certamente deve estar feliz em seu mundo. Saiba que não deixo de pensar em seu olhar. No seu sorriso. No seu jeito. No seu beijo. Por favor, não pode mesmo me ouvir? Me pego as vezes rindo ou chorando so...

        É agosto. Coloque sua armadura. O inverno está chegando. A noite é fria e vazia. É tempo de caça. O sangue amargo corre as veias e as pernas ficam bambas. Mas não perca o foco. É hora de partir. Esqueça tudo o que foi. Fuja da dor. Renasça. Cresça. Mantenha a garra. Decida mudar. Mudar a caminhada. Há muito o que ver então não desista de você. Apague todas 'aquelas' memórias. Levante. Coloque um pé na frente e siga adiante. Erga-se. Feroz. Seja selvagem e não perca a coragem. Mostre sua força. Seu extinto para lutar. Todos querem te ver fugir. Mas não esperam ouvir você rugir. Henrique Lima

Aqui venho, com a dor que retenho do tempo que abstenho Enquanto a vida passa como um desenho É fraco meu desempenho Aaaah...E a saudade que mantenho da idade que não tenho. Henrique Lima

   Você começou a escrever em mim e não terminou. Seria mais fácil apagar o que você já traçou nessas linhas ou dar um ponto final nesta história? Sumir com as dores e amores que aqui depositou? Acabar com o vazio. Vai por mim, o maior mal que você me faz é acabar sem ao menos escrever um adeus. Mas é fácil abandonar o que um dia te deu refúgio quando o aperto passou e a dor curou. Quando as lágrimas caídas secaram. É fácil me ter novo e todo em branco quando se tem muito pra contar em silêncio. Fazer tudo por você. É o que você sempre faz e tudo bem. Só nunca se perguntou como me sinto? Já se perguntou se alguém também não pode se apegar? Não espero que sim. Você sabe o que fazer. Eu sou apenas mais um pedaço de papel velho que você usou. Rasgado e com seu amor aqui registrado. É comum você partir, afinal, sou mais uma página passada e eu sei que você encontrou outra onde possa escrever. Espero que termine as coisas por lá. Henrique Lima

  As muralhas estão desabando. Perdi o meu poder. Desde que você se foi nada mais aqui faz sentido. O tempo parece passar tão devagar. Não há rei sem sua coroa. Nunca me senti tão sozinho neste castelo. "Vida longa ao Rei". Isso me faz querer enfiar uma espada em meu próprio coração e dar um fim nisso. Quem sabe então te encontre em algum paraíso. Sentado sobre um belo cavalo. Sem qualquer armadura. Sem guerra. Nós dois juntos vivendo o "Felizes para sempre...". Meu Romeu, é tão torturante a falta que você me faz. Eu sei...sei que foi culpa minha. Que terei que aguentar esse fardo. Mas ir assim?! Sem nenhum adeus?! Nada dói mais. Permaneço fixo nesse trono. Te esperando voltar das nuvens. Por favor, me solte dessa jaula. Está tudo tão escuro e frio. Este império é grande para esconder o quão pequeno sou. Viver me sufoca e estou me enforcando. Pensar em tudo que vivemos e no que acreditamos um dia fazer, me faz perder a cabeça. Já fui guilhotinado. A morte é o ...

      Sinto o tardar em seu olhar. Quantos lençóis já cansou de molhar? Obscura. Sei que não é loucura ou frescura, mas não vai encontrar o que procura nessa bagunça. Singela. Cadê você? Se perdeu nela? Já experimentou abrir a janela? Estela, minha donzela, deixe de lado esse doce amargo. A saudade pode ser maldade. Enquanto a realidade bate palma, sua alma não me parece calma. Fuja menina. Esse amor que te fascina é na verdade uma dor que te domina. As horas passam e tudo parece lento no seu tempo. Sangue turbulento. Que triste este sentimento. Chega de lamento. Não se engane e não te abandone. Na escuridão você some. Você não perde companhia e sim seu dia. Olha o verão. A solidão só é boa quando o vazio não nos magoa. Seu corpo clama por carinho e insiste em errar o caminho. Talvez seja culpa desse puro ego que te leva a esse sofrer eterno. Anda insegura e sem postura. Não sabe pra onde ir. E acredita que aquele ainda vai vir. A música toca e seu coração implora....

   Olho a olho. Algo não parece certo. A cada movimento uma descoberta. Mas que relação seria essa? Observo minuciosamente cada ação enviada. Todos os gestos, expressões e sentimentos envolvidos ali. Mesmo que sutil. Ele caminha aos poucos em minha direção. Sentido partido do coração. Parece querer entender. Conhecer. Ou então saber o que rola do outro lado. O que o espera. Tento decifrar por que ainda cruzamos olhares se nem ao menos nos conhecemos. Haveria de existir algum motivo para o feito. O acaso não parecia entrar na brincadeira. Estávamos tendo alguma relação. E pouco a pouco, fui me envolvendo no jogo. Agora envolto em curiosidade. A cada passo, mais forte era a ligação. Cada vez mais próximos da razão. Pude enxergar ali alma e espírito. Dor. Alegria. Ou ambos em um mesmo instante. Movidos pelo tempo a cena parecia ganhar intensidade. Quanto mais perto, maiores eram os sentimentos. Até que enfim, nos aproximamos. No meio da história. Não perdemos a cone...

     Sozinho. Sem rumo. Olho à minha volta e me sinto perdido. Vejo carros. Edifícios e lojas. Vejo pessoas. Pessoas sérias. O que será que estão sentindo? Estão tristes? Alegres? Não devem ter tempo pra sentir algo. Me pergunto se ao menos existe alguém nesta multidão tão solitário quanto eu. Me sinto vazio. Mesmo em um vasto lugar como este, ninguém se vê. Esqueço que todos sabem aonde ir. Menos eu. Não sou daqui. Talvez tenha passado para conhecer à cidade. Estrangeiro. Um estranho deslocado. Caminho longos passos pelas ruas sem saber onde estou. "Será que você pode me ajudar?!" Pressa. Tudo ao redor parece passar depressa. Eles correm com relógios em seus pulsos. Socorro. "Não pode mesmo me ajudar?" Me sinto preso. Aqui o céu é tão cinza. Acho que estou somente ocupando espaço. Sou invisível. Será mesmo que não existe amor nessas almas andantes? Ando cada vez mais rápido e não chego a lugar algum. Não quero entrar neste ritmo. Não vejo cor alguma senão o p...

    Queria gritar pro mundo. Queria mudar tudo. Ou então me enfiar num buraco profundo.  Quem sabe lá esteja você como uma luz no fim. Queria encontrar a saída desse labirinto. Queria a chave do seu coração. Ou então dizer bem baixinho, só pra você sentir. Ninguém precisa ouvir. Ninguém entenderia. Talvez esteja em você o mistério que tanto tendo desvendar. Por que será que me sinto perdidamente louco por seu olhar? Aliás, você tinha mesmo que olhar? Eu só queria sentar e poder te falar. Te falar tudo o que você deveria saber. Mas é bobagem. Coisa minha. Ao invés de sussurrar em seu ouvido ou berrar o que sinto, mantenho-me aqui. Contido. Queria mudar tudo. Mas nada vai mudar. Eu só queria te encontrar nessa escuridão. Quem sabe você esteja lá? da série "Sentimentos passados" Henrique Lima

  Caminhava por ali calculando cada passo. Eu não estava perdido. Estava apenas aproveitando aquele momento. Eu queria ter o que lembrar...    Tudo estava como sempre, em seu lugar. Os pisos brancos e sujos. O bebedouro amarelado, ainda enferrujado. Um perigo , p ensei. Porém estava sozinho. O corredor já não estava exatamente como de costume. Faltavam eles, elas, faltava todos. Aqueles barulhos contínuos. Aquelas vozes de risos, gritos e conversas sem parar. Nem mesmo o barulho dos meus passos conseguia ouvir....    Até que em um momento, um barulho ecoou no fim do corredor. Eram eles, elas, todos. Mas apenas um rosto entre estes, procurava ofegante.    O barulho vinha de uma das salas. A última. A sala de computação. Olhei imediatamente e o vi assim que me deparei com os mesmos que chiavam ali. Seu olhar veio de encontro ao meu assim que notou minha presença lhe observando pela ja...

Com sono. Acorde. Cansado. Acorde. Com fome. Acorde. Triste. Acorde. Com sede. Acorde. Com saudade. Acorde. Sozinho. Acorde. Com desanimo. Acorde. Perdido. Acorde. Com dor. Acorde. Apaixonado. Acorde! Henrique Lima

  Somos como diamantes. Pedaço de chão. Vindo terra abaixo. Bruto e cru. Um cristal entre muitos outros. Até que ele precisa cumprir seu papel como elemento deste planeta. Em mãos ele é lapidado e polido. Ganha brilho. Ganha valor. A pedra precisou ser preservada, conservada e orientada para ser útil. Antes um caco qualquer, agora um objeto de grande valia. Um objeto cobiçado. Desejado. Todos querem. Poucos têm. Aquele resquício de antes, se tornou depois um bem precioso e parte do corpo.   Como humanos, somos também, parte deste todo. Nascemos do ventre à luz. Somos um ser entre muitos outros diferentes de nós. Até que precisamos como parte de uma sociedade, cumprir nosso papel social.  Em mãos somos ensinados e educados. Ganhamos conhecimento, essência e consciência. Consciência coletiva. Como um diamante, se não tivermos o padrão necessário, somos descartados. Perdemos nosso valor. Não pertencemos mais ao meio.    Mas, a real semel...

      Certa vez olhei para a lua. Naquela noite escura, só ela brilhava. E andando por entre as ruas, vi aquela moça amável. Tão bela era. Eu a vi nua e crua. Então olhei para o céu e perguntei para a lua: "Essa moça é tua?". Ofuscado por seu olhar me entreguei. Demos as mãos e seguimos sob a luz. Mas tão grande era sua beleza que cheguei a duvidar se no fim da noite, ela também sumiria pelas ruas como a lua. Henrique Lima

   Hoje o tempo me fez uma visita. Conversamos sobre as memórias. Relembramos doses de sentimentos. Amor. Dor. Coração disparou. A mente recordou. Destino acordou. Lembranças de escolhas. Rumos e caminhos. Mudanças. Passado rebobina.    Escuto o som do choro. O som das batidas. O som da voz. Das vozes. Quantas emoções passamos. Vimos momentos. Olhares. Encontros. Encontro de olhares. Voltas e reviravoltas. Lutas. Vimos à vida.   No fim da conversa, ri com o tempo. O único som naquele momento. Então ele partiu. Senti que este não foi o fim e sim o começo. E o tempo? Bom, ele é como o vento, não vimos mas sentimos quando ele aparece na brisa depois do sol raiar ou então o ouviremos bater no silêncio quando a lua chegar.   Boa mesmo foi a despedida. O tempo partiu e levou consigo o que se foi. O que já era. O que era, já se foi. O tempo levou. Levou tempo. Não para que pudesse acabar, mas para que eu pudesse respirar.   A casa não fi...

Bate a porta mas não é você. Bate aquela saudade. Bate o coração. Bate aquela dor. Bate aquele vazio. Bate o sono em meio à insônia. A realidade bate na cara. A morte bate papo. A solidão bate palmas. Tempo bate recorde. E a mente bate-boca. Mas na minha porta você não bate. Henrique Lima