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O amor supera tudo!


  Querido amigo,


Poderia virar a madrugada lendo suas histórias. Quantas vezes li e reli o que você escreveu! Suas palavras são um refúgio para mim. Me sinto ligado em ti com o que escreve. É como uma agulha perfurando a pele, você sente o impacto dentro de você. Nesse caso, no coração. E aproveitando o gancho, vou lhe contar uma história que talvez não conheça mas que queira conhecer.

  Oscar sempre foi um garoto sonhador. Desde pequeno questionava tudo ao seu redor e sempre quis a liberdade. Talvez por ser um menino tão levado e sem limites, acabou amadurecendo cedo demais. Seus pais sempre lhe disse que quando ele crescesse poderia escolher o que queria ser. O problema é que Oscar enfrentou algumas decepções durante sua vida. O que mais estava acostumado era com despedidas. Seus pais se separaram quando ele ainda era criança e ele se mudou para uma outra cidade, abandonando seus familiares, primos e primas com quem viveu memoráveis histórias. E desde sempre aprendeu a amar. Já que sempre quis ser diferente, acreditava que esse sentimento era capaz de superar tudo, até as mais dolorosas perdas. Mas por amar tanto, acabou sendo um pouco pisoteado. Nunca foi muito fã de futebol ou esportes. Nunca foi de ficar muito com os outros garotos ou de falar de meninas com eles como se elas fossem mercadoria. E foi muito julgado e criticado por ser diferente na escola. Ele sempre seguia outro caminho, mas nunca estava satisfeito. E enquanto ia crescendo foi sentindo a dor de perto. Conhecendo pessoas, se despedindo novamente e amando. Ah, como Oscar amava! Porém, ele tinha o seu lado obscuro. Um extinto animal. Perdeu a conta de quantas ele pegou. Liberdade! O estranho era que Oscar achava que sabia algo sobre amor. Na verdade até hoje ele não sabe muito bem. Só foi entender quem é e o que era amar no auge da adolescência, quando se apaixonou pela primeira vez. Decepções. Não era correspondido. E então ele decidiu esquecer isso e se esconder. Nesse meio tempo passou a descobrir mais ainda sobre quem era e sobre o amor. Passou a se odiar. Houve momentos em que não queria sair na rua. Ele sentia que amava todos mas ninguém o amava, nem ele mesmo. E então mudou novamente. Foi obrigado a se adaptar e recomeçar. Oscar já estava acostumado, ele não culpava ninguém. Para ele nunca podemos reclamar do que temos e o que somos. Devemos sempre pensar que outro pode estar pior que a gente. Ele ainda sofreu por pensar tanto nas pessoas e não muito nele, mas Oscar jamais abrirá mão disso. E então ele entrou para o ensino médio. Era sua chance de amadurecer. Não que não tenha crescido, mas estava preparado para abandonar certas coisas e se tornar outra pessoa. Mudanças são boas. E nesta fase o garoto sonhava ainda mais. Começou a se dedicar a arte. Era o que queria. É como um alívio daquela pequena dor da agulha que mencionei, sabe? Pois bem, o que ele não imaginava era que sentiria coisas que nunca sentira. E quando as sentiu não sabia como lidar. Era algo novo. Só que sentimento não se explica. A resposta veio: decepção. Já previa. Oscar dizia: "Não faz mal". Melhor sofrer agora do que viver uma mentira e descobrir a farsa tarde demais. Era sufocante para ele se prender quando sempre quis ser livre. E lembrou-se do amor. Pelo menos ele teria uma razão para fugir desse nó na garganta. Ele não nasceu para ficar escondido. Começou a ganhar seu espaço. O problema é que a liberdade tem um preço do qual ele paga. Mesmo assim não liga para isso, pois tem que correr atrás de seus sonhos. Depois pensaria nisso. Ele dizia: "Não faz mal", amor supera tudo. E Oscar respirava amor. Mas ainda há decepções. Ele sempre temia que elas aparecessem. Não que ele não saiba lidar, mas é que dói. Ele estava fugindo do preço que deveria pagar, porém, conheceu alguém. Mas não mais uma pessoa em sua lista (A não ser que a lista seja de: "Pessoas que amo pra sempre"). Não! Ele tem dito não. Depois do que passou aprendeu a controlar seus sentimentos. Só que com essa pessoa é diferente, é algo natural. Ele teme se decepcionar com isso novamente, mas se isso acontecer "não faz mal". O jovem sonhador seguirá em frente como eu sei que ele sempre faz. Enquanto isso não acontece, ele vive dizendo para os quatro cantos que "Tudo acontece por uma razão" e que se sentia feliz por poder amar, sonhar, criar, atuar, poetizar, imaginar, se apaixonar, chorar e sentir tudo isso sem pudor, seja bom ou ruim. O importante é o momento. E ele parecia animado com o agora. Me contava o quanto estava alegre e acreditava nisto. Perguntei se ele não temia... "A decepção?" - perguntou. "Sim!" - eu disse. E então ele me disse: "Não". Seu amor continua o fortalecendo e que seja o que for para acontecer, teria que acontecer. 

  Pensei no que Oscar me contou e faz sentido. É como se tudo estivesse interligado, como um quebra-cabeça. Se faltar uma peça não estará completo. Talvez seja essa peça que ele esteja procurando. E fico imaginando, as vezes só entendemos as coisas depois, ou até nunca vamos entender, mas pensando ainda em Oscar, se não houvessem essas decepções onde ele estaria agora? Seria quem ele é? Sentiria o que ele sente? Se seus pais não tivessem se separado ele viria para esta nova cidade? E nesta cidade anos depois ele conheceria a mesma pessoa? Não sei. De fato, o que ele diz reflete o que penso. Espero que Oscar consiga descobrir mais sobre amor e sobre a pessoa que anda mexendo com seu coração. Espero que ele não se decepcione e continue livre, seguindo seus sonhos. Mas se ele se decepcionar "não faz mal", pois, desde que ele seja feliz, eu também serei. Afinal, como ele me ensinou, essa dívida se paga com amor. 

  Obrigado por me remeter momentos, histórias e lembranças. Isso tudo torna quem hoje eu sou. Se hoje estou ligado em você foi porque de alguma forma você tinha que estar no meu caminho. Seja para me ensinar algo sobre amar, seja para ser uma "decepção" (Só é ruim na hora), seja para ser parte da minha liberdade, ou até mesmo ser aquele que vai me guiar até os meus sonhos. Só tenho que te agradecer por ter cruzado seu olhar com o meu. Não tenho muito o que retribuir senão amor, que tenho de sobra. Serve? Espero não ser um sentimento cafona demais. Ainda estou confuso no tempo. 


Com amor,
Eu.



Henrique Lima

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