Hoje a noite é uma criança. Vejo todos vestindo seus melhores e mais surreais trajes. Vejo rostos cobertos de formas sombrias. Hoje a escuridão não é um problema. A curtição do momento vai muito mais além do que o "Doces ou travessuras?". Agora você pode ser quem quiser. A liberdade não é assustadora e todos acabam entrando diretamente ou indiretamente na peça.
Gosto destas comemorações caricatas. As pessoas mostram seu lado ator. Criam o seu personagem e vivem sem limites por um dia. Acredito que todos nós de alguma forma atuamos em nossa vida. Alguns outros como eu preferem viver isto artisticamente. Mas pensando ainda em dias como estes, vejo um reflexo da realidade de uma forma mais frágil e imperceptível. Todos os dias estamos sedentos a máscaras que escondem aquilo que temos e queremos mostrar, ou até mesmo que usamos para disfarçar o que sentimos. Os outros não precisam saber. Sim! Ninguém precisa saber. Porém, também há neste jogo uma ordem de importância com os outros tentando ser o que você não é, ou disfarçando o que você está sentindo. Então de certo modo você está fazendo isto para as pessoas e não para você mesmo. O que é mais importante em sua vida?
As pessoas também fantasiam o seu modo de viver. Eu não falo de imaginar, sonhar e afins. Isso não é um problema. Continuo falando de ser aquilo que você "deve" ser e não aquilo que você quer ser. O poder está em suas mãos. E então, convivemos todo dia nesta peça teatral voltada para a sociedade. Só que as vezes somos tão egoístas ou estamos tão ligados à consciência coletiva que não sabemos nem quem somos e o que estamos fazendo. Não nos olhamos no espelho, negando enfrentar nossos próprios medos, fingindo que tudo está sob controle quando não está. E principalmente, não conseguimos olhar ao nosso redor. Não conseguimos olhar nos outros como somos.
Vivendo como zumbis, ansiando por compaixão. Ansiando fugir. Perseguidos por monstros e fantasmas que somos incapazes de derrotar. Uma triste escuridão diária que desta vez não tem graça, mas que não deixa de ser comum. Não temos tempo para parar. Estamos andando juntos. Não podemos mudar o rumo. Não podemos colorir esta escuridão. Se fizermos isso seremos fuzilados, criticados e julgados pela coragem em nossos corações. O mundo está imundo e cego. O inferno é agora. Onde está o doce de tudo isso? Amor. Amor. Amor. Haverá guerra, mas podemos escolher sorrir e amar. Podemos escolher abandonar as máscaras e as fantasias e ser aquilo que sempre quisemos ser: livres. Um pássaro na gaiola acha que voar é uma doença. Você só vai descobrir quem realmente é se tentar. Vamos lá! Liberte-se e venha comigo. Sempre há uma luz no final. Escolha viver um personagem vestindo seu diferencial, e por mais estranho que for, seja você. O diferente incomoda, eu sei. Mas seja forte para enfrentar o lado travesso de tudo isso. E não esqueça que sendo você a maior parte dos seus momentos serão dos mais doces possíveis.
Não tema o que vão dizer. Não se importe e não se esconda. Eu não me importo, mas preciso saber que não estou sozinho e que eu não sou o único que não precisa de mais de uma face para ser feliz. Eu te aceito e te quero como tu és. Para mim basta. Eu tenho isso a te oferecer. Escolha se quer sorrir e amar. Ser você, sem rótulos, é mais lindo do que você imagina que está agora. E é aí que está o meu eu em você e o motivo por te amar tanto. Espero não estar sendo enganado por máscaras. Tenho certeza que não estou! Me diga antes que a noite acabe e tudo volte a ser como de costume.
Henrique Lima
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