
A verdade é que nada é mais como antes. Eu não carrego mais o que sentia por você. Mas mesmo assim, você ainda vive em mim. E nestas últimas semanas tenho pensado muito em você. Fico pensando em como está lidando com os problemas. Se tem outra pessoa com quem possa conversar e se tem sido você mesmo, de verdade. Eu sempre quis poder te falar tudo que você me fez sentir. Nunca senti algo parecido. Você foi alguém único que passou depressa no meu caminho. Nunca encontrei um beijo como o seu. Não me apaixonei por alguém como me apaixonei por você. Nossa relação foi intensa do começo até o esperado fim. Você fez eu me sentir muito bem e muito mal. Mas guardo boas recordações dos nossos pequenos momentos. Éramos distantes e próximos ao mesmo tempo. Sempre nesse meio. Nunca algo concreto. Nada concluído.

Você era tudo e nada na mesma medida. Amava e logo depois não amava. Sentia demais. Não sentia nada. Queria viver muitas coisas. As vezes não queria viver nem mais um dia. Desenhava, cantava, escrevia, sonhava, interpretava vários personagens enquanto fumava seu cigarro e tocava seu violão. Às vezes James Dean, outrora Johnny Cash. De vez em quando Dionísio, Charlie ou Sid. E compartilhava suas histórias, seus devaneios e sua vida comigo. Me lembro daquele dia que pude ver bem as marcas escondidas em seu braço, enquanto você sorria fingindo que nada acontecia e eu dizia que também iria fingir que não tinha visto aquilo. E meu coração apertava quando estava longe de você. Ficava pensando se estava bem. Mesmo que ninguém percebe-se suas dores, eu podia te sentir até de longe. Era como se estivesse colado em mim e eu devesse te ajudar enquanto você era minha ajuda. E as vezes não queria nem de perto olhar pra você. Você tinha o poder de transformar qualquer estado meu. No dia que nos beijamos pela primeira vez, estava me sentindo um lixo por toda aquela manhã. Estava sufocado de tudo e todos. E você apareceu depois e fez eu me sentir vivo de novo. Tudo isso sem você saber. Você não sabe também que foi o número 1. Nos seus braços parecia que tinha tudo. Você era minha droga. Você nunca vai saber o quanto te amei. Você era minha luz na escuridão. Me fazia feliz nos dias mais cinzas. E era assim mesmo. Bem exagerado. Me envolvi em um profundo mar azul cheio de mistérios. E ainda hoje não consegui te desvendar por inteiro. Ainda guardo lembranças de você porque sou grato. No fim eu pude sentir algo verdadeiro por alguém depois de muito tempo. E sou grato a você por isso. Enfim, acho que eu só queria dizer que amei você.
Carta em primeira pessoa ao passado. Sobre aquele que deixei ir.
Henrique Lima
Carta em primeira pessoa ao passado. Sobre aquele que deixei ir.
Henrique Lima
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