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PEDRA




  Confesso que hesitei por um tempo antes de decidir escrever novamente sobre você. Mas eu precisava de alguma forma expressar esses sentimentos. Já faz uns meses desde a nossa despedida. E me lembro perfeitamente dos nossos últimos momentos. Tudo aconteceu rápido. Mas quando torno a me lembrar detalhadamente, parece ter espaço pra uma longa narrativa muito bem descrita. 

  A verdade é que nada é mais como antes. Eu não carrego mais o que sentia por você. Mas mesmo assim, você ainda vive em mim. E nestas últimas semanas tenho pensado muito em você. Fico pensando em como está lidando com os problemas. Se tem outra pessoa com quem possa conversar e se tem sido você mesmo, de verdade. Eu sempre quis poder te falar tudo que você me fez sentir. Nunca senti algo parecido. Você foi alguém único que passou depressa no meu caminho. Nunca encontrei um beijo como o seu. Não me apaixonei por alguém como me apaixonei por você. Nossa relação foi intensa do começo até o esperado fim. Você fez eu me sentir muito bem e muito mal. Mas guardo boas recordações dos nossos pequenos momentos. Éramos distantes e próximos ao mesmo tempo. Sempre nesse meio. Nunca algo concreto. Nada concluído.
   Fizemos uns planos bobos pro futuro e eu antes já sabia que isso nunca aconteceria. Aceitar é a chave pra ser livre. E acho que por isso foi mais fácil o adeus do que imaginava. Porque eu sabia que tinha que ir e deixar o que sentia pra trás. Me preparei. Amar você é difícil demais. Eu me desfazia em pedaços quando te via e quando estava com você. Bom, você não foi a primeira pessoa a levar uma parte de mim. Deve ser por isso que me sinto vazio ou nunca me sinto completo. Pedaços do meu eu partiram inúmeras vezes com aqueles que amei.

  Você era tudo e nada na mesma medida. Amava e logo depois não amava. Sentia demais. Não sentia nada. Queria viver muitas coisas. As vezes não queria viver nem mais um dia. Desenhava, cantava, escrevia, sonhava, interpretava vários personagens enquanto fumava seu cigarro e tocava seu violão. Às vezes James Dean, outrora Johnny Cash. De vez em quando Dionísio, Charlie ou Sid. E compartilhava suas histórias, seus devaneios e sua vida comigo. Me lembro daquele dia que pude ver bem as marcas escondidas em seu braço, enquanto você sorria fingindo que nada acontecia e eu dizia que também iria fingir que não tinha visto aquilo. E meu coração apertava  quando estava longe de você. Ficava pensando se estava bem. Mesmo que ninguém percebe-se suas dores, eu podia te sentir até de longe. Era como se estivesse colado em mim e eu devesse te ajudar enquanto você era minha ajuda. E as vezes não queria nem de perto olhar pra você. Você tinha o poder de transformar qualquer estado meu. No dia que nos beijamos pela primeira vez, estava me sentindo um lixo por toda aquela manhã. Estava sufocado de tudo e todos. E você apareceu depois e fez eu me sentir vivo de novo. Tudo isso sem você saber. Você não sabe também que foi o número 1. Nos seus braços parecia que tinha tudo. Você era minha droga. Você nunca vai saber o quanto te amei. Você era minha luz na escuridão. Me fazia feliz nos dias mais cinzas. E era assim mesmo. Bem exagerado. Me envolvi em um profundo mar azul cheio de mistérios. E ainda hoje não consegui te desvendar por inteiro. Ainda guardo lembranças de você porque sou grato. No fim eu pude sentir algo verdadeiro por alguém depois de muito tempo. E sou grato a você por isso. Enfim, acho que eu só queria dizer que amei você.


Carta em primeira pessoa ao passado. Sobre aquele que deixei ir.


Henrique Lima

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